sábado, 7 de setembro de 2013

Opinião - Lisboa no Ano 2000 (Parte 4)

Ficha Técnica:
Organizador: João Barreiros
Páginas: 448
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896374778

Sinopse:
Bem-vindos à maior cidade da Europa livre, bem longe do opressivo império germânico. Deslumbrem-se com a mais famosa das jóias do Ocidente! A cidade estende-se a perder de vista. O ar vibra com a melodia incansável da electricidade.

Deixem-se fascinar por este lugar único, onde as luzes nunca se apagam, seja de noite, seja de dia. aqui a energia eléctrica chega a todos os lares providenciada pelas fabulosas Torres Tesla.

Nuvens de zepelins sobem e descem com as carapaças a brilhar ao sol. Monocarris zumbem por todo o lado a incríveis velocidades de mais de cem quilómetros à hora. O ar freme com o estímulo revigorante da electricidade residual. Bem-vindos ao século XX!

Lisboa no Ano 2000 recria uma Lisboa que nunca existiu. Uma Lisboa tal como era imaginada, há cem anos.

Opinião:
Neste quarta e última parte vou apenas falar dos contos do João Barreiros. Como os contos estão todos ligados entre si, com o nome comum O Que Escondem os Abismos, achei que seria lógico juntá-los e opinar acerca dos mesmos numa única publicação. Os contos dividem-se em Partes I, II e III.

O Turno da Noite - é um conto que nos apresenta os espectros humanos e os seus comportamentos. Ao mesmo tempo mostra-nos que neste Lisboa futurista existem humanos que se tornaram mais sensíveis a estas manifestações e que agora têm a capacidade de as visualizar, sendo que a sua vida e os seus temores são guiados por estas representações. Um dos protagonistas desta história tem esse "dom" e trabalha no turno nocturno da linha Trans-sub-Tejo. O que lhe dá cabo dos nervos por causa de todos os espectros que vagueiam pelas carruagens à hora tardia. É um personagem consumido pelo seu medo e que acaba por ter um final triste devido a esse mesmo medo.

Tratado das Paixões Mecânicas - neste conto é-nos apresentado todo o processo de instalação de uma fábrica embrionária,uma fábrica que tem a capacidade de se autoimplantar num local e começar a fabricar aquilo para que foi preparada por sua própria iniciativa. A acção é ´nos transmitida através dos olhos de um dos seus servos, uma Unidade de Apoio e Combate, com a designação Unidade5. Esta Unidade é a única dotada de algum bom senso, apesar de isso no final não lhe servir de muito. Não há muito neste conto a relatar, a sua grande parte foca-se efectivamente na descrição da implantação da fábrica e nos comentários da Unidade5 ao processo de implantação da própria fábrica.

Chamem-nos Legião - este conto é o maior e foca-se basicamente em duas personagens, uma freira exorcista e um espião inglês. É neste conto que vê-mos todos os acontecimentos a serem ligados, tanto o que se está a passar a nível destes dois personagens, como aquilo que foi descrito nos contos anteriores. Ficamos a perceber de onde surgiram determinadas coisas que não fazíamos ideia do que ali estavam a fazer. Na minha opinião foi um conto demasiado longo, mais parecia uma short story. Penso que determinados acontecimentos poderiam ter sido condensados.

No geral, apesar de interessantes, achei os contos algo aborrecidos. Sendo que estava sempre a fazer conta para quantas páginas me faltava para chegar ao fim.

No todo a antologia apresenta-nos um mundo interessante, uma outra vertente do que poderia ter sido Lisboa, e a imaginação dos autores não deixa de ser soberba. No entanto a maior parte dos contos deixou um pouco a desejar, sendo que os realmente bons e cativantes foram apenas dois ou três. Assim sendo achei a Antologia mediana. Sinceramente estava à espera de um pouco mais. No geral posso dizer que gostei, mas não foi uma antologia que me tivesse deslumbrado pelo todo.

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