sábado, 30 de setembro de 2017

Opinião - Fighting the Silent

Ficha Técnica:
Autor: Bruno Martins Soares
Série: Dark Sea War Chronicles
Páginas: 171
Editor: Brodom Publishing
ASIN: ?

Sinopse:
In a distant solar system, a war breaks between the Webbur Union, its ally the Kingdom of Torrance, and their rival, the Axx Republic. Byllard Iddo is a young man who accidently killed his father in a martial arts training session. He left to join the Space Navy.

Now a lieutenant in the powerful Webbur Navy, Byl will serve in different ships and face danger as the war grows in violence. Refusing to disappoint his new family, the Navy, he embarks in a desperate mission to diminish a ruthless threat: the invisible Silent Boats that prey on the convoys that cross the void Dark Sea space between Webbur and Torrance.

He is sure of only one thing: many will die in the battles ahead and he will do whatever it takes to bring the war closer to an end. As he walks this path, through tales of love, pain and sacrifice, he becomes the youngest and most decorated Captain in Webbur Space Navy’s history.

Opinião:
The english version of this opinion can be found here: Goodreads 

Agradeço desde já ao Bruno por me ter cedido o livro antes da sua data de publicação, sendo que aqui fica então a minha opinião. De um modo geral, considero que a maior parte das falhas do livro estão relacionadas com o seu tamanho. Dá perfeitamente para perceber que se o autor pudesse ter uma maior margem de manobra quanto ao tamanho do livro, a coisa teria corrido bem melhor. Até porque também já li outros livros dele e sei do que ele é capaz e foi-me fácil ver que havia ali tanto potencial a ser explorado.

Na generalidade achei que faltou um pouco mais de contexto sobre o que se estava a viver. Sobre os motivos e o que movimentava as pessoas. Houve essa informação, mas pareceu-me tudo um bocado desapegado, mecanizado. Então quando o Byl contava acerca da guerra e do que se estava a passar, parecia-me extremamente neutro. Como se tudo se estivesse a passar ao longe. Acho que as únicas alturas em que o vi a mostrar verdadeiro sentimento foi quando ele pensava na Lara e na altura em que se tornou capitão. Sei que ele andava um bocado apático com o que aconteceu, mas faltou-me o cheiro a guerra, aquele frio na barriga por saber que a qualquer momento algo pode acontecer. A verdade é que cheguei ao fim e aquilo que estava a ler tanto podia ser uma guerra como outra coisa qualquer.

A cena final vai, sem dúvida, surpreender os leitores, pelo menos eu fiquei positivamente surpreendida com o que descobri nessa cena! Houve só um pequeno pormenor que me desagradou: o facto de ser tão extensa. Preferia uma cena final mais condensada, cheia de emoção. Como a mesma ainda se arrasta ao longo de algumas páginas no final não terminei o livro com aquela sensação de "então e agora?". Apesar de esta cena ter sido ligeiramente encurtada posteriormente, continuo a achar que com um pouco mais de tempo poderia ter ficado excelente.
A escrita é fácil de seguir, e apesar de terem existido alguns aspectos que me deixaram desconfortável a verdade é que depois de ter ganhado balanço li tudo de uma assentada. Gostei dos nomes e tecnologias criados. Principalmente dos nomes dados às diferentes posições hierárquicas e afins. Em alguns casos derivam directamente daquilo que conhecemos, noutros têm pequenas alterações que lhes dão logo outro ar. Gostei do Byl como personagem, acho que tem potencial para crescer. Neste momento apesar de tudo pelo que passou ainda cheira um pouco a leitinho e vejo-o como alguém que ainda tem que perder alguma inocência, contudo penso que para lá caminhe. Gostei ainda da Mira, mas a verdade é que o que vemos é apenas aquilo que o Byl vê, pelo que gostava de conhecer um pouco mais do seu passado e do porquê de ser como é. Gostei bastante da interacção do Byl com o pai da Mira, não haja dúvida que ele é bastante interessante e que muitas surpresas ainda poderão dali vir.

Contudo já tive oportunidade de ler o segundo livro e posso dizer que está bastante bom e por isso vale o investimento neste primeiro livro apesar de achar que podia estar melhor.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Mini-Opinião - Moving e Maria and the Ocean

Ficha Técnica:
Autor: Bruno Martins Soares
Páginas: 13
ASIN: B075BM4N1K

Sinopse:
Paulo didn't like having to move from his house. Who does? But his books are determined not to go. They just won't let him pack.
A new short-story by award-winning Portuguese author.

Opinião:
Esta não é a primeira vez que leio algo do autor, por isso sabia que seria difícil não gostar de deste conto. Um conto simples e que vai directo ao assunto. Contudo isso não é impedimento para que o leitor crie um laço de intimidade com o protagonista. Principalmente se o leitor foi tão aficionado por livros como o Paulo. Sendo que o Paulo é uma pessoa que gosta de tudo bastante organizado e da sua rotina é fácil compreender o quão horrível é sequer o pensamento de ter que empacotar todos os seus livros para mudar de casa. Eu acho que se fosse comigo me iria acontecer exactamente o mesmo que lhe aconteceu a ele, perder-me nas páginas de cada livro que pegasse.

Gostei da reviravolta do livro e de como tudo acabou por correr pelo melhor. Achei pouco provavel uma das coisas que aconteceu no final, mas percebo que possa ter sido para facilitar a conclusão da história num número de páginas aceitável. Assim sendo foi sem dúvida um conto de que gostei.

Ficha Técnica:
Autor: Bruno Martins Soares
ASIN: B0754FSRQS

Sinopse:
Maria is a normal girl with an extraordinary relationship with the sea. As climatic changes take effect, this relationship could save everyone around her.
A short-story by award-winning Portuguese author.

Opinião:
Maria and the Ocean, vais buscar um pouco da história de Portugal, ao mesmo tempo que aborda um tema bastante actual, as alterações climáticas. Ao mesmo tempo tem o seu quê de fantástico aqui apresentado na relação que a Maria tem com o mar. Uma vez mais é um conto simples, com uma linguagem simples mas cativante. É impossível não nos sentirmos atraídos pela personalidade de Maria.

Gostei principalmente da explicação dada para a relação que a Maria tem com o Oceano. Às vezes existem pessoas que são simplesmente especiais e nós nem conseguimos perceber exactamente porquê. O final é triste, mas ao mesmo tempo encantador. Confesso que fiquei bastante emotiva ao ler a cena final, o que me deixou completamente rendida ao conto.

sábado, 23 de setembro de 2017

Opinião - The Core

Ficha Técnica:
Autor: Peter V. Brett
Série: The Demon Cycle, #5
Páginas: 448
Editor: Del Rey
ASIN: B01MQLLAR7

Sinopse:
New York Times bestselling author Peter V. Brett brings one of the most imaginative fantasy sagas of the twenty-first century to an epic close.

For time out of mind, bloodthirsty demons have stalked the night, culling the human race to scattered remnants dependent on half-forgotten magics to protect them. Then two heroes arose—men as close as brothers, yet divided by bitter betrayal. Arlen Bales became known as the Warded Man, tattooed head to toe with powerful magic symbols that enable him to fight demons in hand-to-hand combat—and emerge victorious. Jardir, armed with magically warded weapons, called himself the Deliverer, a figure prophesied to unite humanity and lead them to triumph in Sharak Ka—the final war against demonkind.

But in their efforts to bring the war to the demons, Arlen and Jardir have set something in motion that may prove the end of everything they hold dear—a Swarm. Now the war is at hand and humanity cannot hope to win it unless Arlen and Jardir, with the help of Arlen’s wife, Renna, can bend a captured demon prince to their will and force the devious creature to lead them to the Core, where the Mother of Demons breeds an inexhaustible army.

Trusting their closest confidantes, Leesha, Inevera, Ragen and Elissa, to rally the fractious people of the Free Cities and lead them against the Swarm, Arlen, Renna, and Jardir set out on a desperate quest into the darkest depths of evil—from which none of them expects to return alive.

Opinião:
I received an advance copy from the publisher via NetGalley. This in no way swayed my thoughts on this book.

This is the last book in the Demon Cycle series. Alagai'Sharak is on the way and everyone will need to step in if they hope to survive the few next new moons. Jardir, Arlen, Rena, Shanjat and Shanvah continue to travel to the queen's nest to try to stop the swarm. At the same time, Inevera, Leesha, Elisa and Ragen are trying to find a solution so they can keep people alive and prevent the demons from taking over the cities.

Generally speaking, I liked the story, and the way a lot of characters stepped out of their confort zone so they could contribute to the greater good. Taking into account the previous books, I think this one is a good ending. But a good ending with some issues. The problems that I found in this book are the same I encountered in the previous one, and that makes me a bit sad, because I was hoping for more. Essentially, I still have a problem with the flow of time. The fact that we jump from one new moon to another, or from one new moon to the middle of the month, etc, without any notice, made me feel like I was missing something, and made me feel confused because I never knew in wich point of time I was. Another issue I had was that what happened at the core didn't affect directly what was happening outside the core and vice-versa.

At last, I can't not talk about the deaths. It is normal for some cherished characters to die. But at least I expect those deaths to be traumatic, or quite emotional. There were at least two or three characters that I learned to love and that died in the end. I felt played, not because they died, but because their deaths were clean, without sentiment. In one of them we didn't even get the chance to see it happen or have a accurate description. I just felt like we deserved more.

Despite all I pointed out, I enjoyed the book. As I said before, I love to see the intereactions between Arlen and Jardir. They are always challenging one another, not only physically but also regarding their beliefs. I liked the last chapter, in which we can see a semblance of hope and normalcy, where we finally see Jardir paying homage to Arlen.

This is an easy read, not just this one book, but the entire series. If you want something simple and entertaining, this is it. It's well thought, and it has an interesting worldbuilding; unfortunately it also has some flaws that could have been improved. I think I would have liked it better if I had had the chance to read it when I was younger and didn't have so much reading experience.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Opinião - The Skull Throne

Ficha Técnica:
Autor: Peter V. Brett
Série: Demon Cycle #4
Páginas: 704
Editor: Del Rey
ASIN: B00LYXV5U6

Sinopse:
The first three novels in New York Times bestselling author Peter V. Brett’s groundbreaking Demon Cycle series—The Warded Man, The Desert Spear, and The Daylight War—set a new standard for heroic fantasy. The powerful saga of humans winnowed to the brink of extinction by night-stalking demons, and the survivors who fight back, has kept readers breathless as they eagerly turned the pages. Now the thrilling fourth volume, The Skull Throne, raises the stakes as it carries the action in shocking new directions.

The Skull Throne of Krasia stands empty.

Built from the skulls of fallen generals and demon princes, it is a seat of honor and ancient, powerful magic, keeping the demon corelings at bay. From atop the throne, Ahmann Jardir was meant to conquer the known world, forging its isolated peoples into a unified army to rise up and end the demon war once and for all.

But Arlen Bales, the Warded Man, stood against this course, challenging Jardir to a duel he could not in honor refuse. Rather than risk defeat, Arlen cast them both from a precipice, leaving the world without a savior, and opening a struggle for succession that threatens to tear the Free Cities of Thesa apart.

In the south, Inevera, Jardir’s first wife, must find a way to keep their sons from killing one another and plunging their people into civil war as they strive for glory enough to make a claim on the throne.

In the north, Leesha Paper and Rojer Inn struggle to forge an alliance between the duchies of Angiers and Miln against the Krasians before it is too late.

Caught in the crossfire is the duchy of Lakton—rich and unprotected, ripe for conquest.

All the while, the corelings have been growing stronger, and without Arlen and Jardir there may be none strong enough to stop them. Only Renna Bales may know more about the fate of the missing men, but she, too, has disappeared...

Opinião:
Contava ler este livro apenas quando o comprasse em português, mas entretanto surgiu a oportunidade de ler o último livro antes da data de publicação e não resisti.

Já não me recordo quando é que li o terceiro livro da série, mas acredito que já tenha sido à algum tempo. Assim sendo alguns acontecimentos estão um pouco esquecidos. No geral os acontecimentos em si não foram propriamente um problema, foi fácil voltar a situar-me e perceber como é que as coisas tinham ficado. O que mais me fez sentir perdida foram os personagens, sim eu sou pior que péssima com nomes e não me consigo lembrar se alguns dos que foram apresentados já tinham aparecido antes ou não. Além dos personagens, outra situação que me fez sentir perdida foi a hierarquia e a maneira como a sociedade de Krasia se organiza. Tendo em conta que isso deve ter sido explicado num dos primeiros livros, e que eu já não me lembro, a verdade é que já não me lembrava, e não lembro, muito bem qual é a função de cada "casta".

Tirando estas duas situações em específico, que estão directamente relacionadas com a minha fraca capacidade para guardar informação durante anos a fio, houve apenas dois pontos nos livro que não me agradaram. Um deles foi toda a questão temporal. Às tantas já não percebia se determinada cena encaixava antes, depois ou durante determinada cena. Ao mesmo tempo que não consegui perceber muito bem o que é que o Arlen andou a fazer parado durante seis meses... A outra prende-se com a morte de um personagem. Quando a li só pensei: "Que coisa tão disparatada!" Depois de tudo o que acontece, tudo o que esse personagens faz como é que é possível morrer de maneira tão sem mérito e só porque sim? Enfim... Prefiro nem pensar.

De resto gostei da maneira como as personagens evoluíram, bem como a história. Achei a história no geral um bocado parada, mas nada que me incomodasse por aí além. Começamos a ver as peças a alinhar-se para o grande final, mas ainda não consigo perceber muito bem como é que está tudo interligado. Pelo menos durante este livro as acções dos dois grupos principais de personagens pareceram-me ser de pessoas quase independentes. Não sei como explicar a situação de outra maneira. Existem tristezas para vários personagens, mas também pequenas dádivas que lhes permitem continuar em frente. Voltar a ver o Arlen e o Jardir juntos é sempre um prazer. Apesar dos seus pontos de vista diferentes os dois amam-se como irmãos. É hilariante ver como estão sempre a tentar picar-se um ao outro, mas como ao mesmo tempo se desafiam a ser pessoas melhores.

Tenho curiosidade para saber o que aí vem após as revelações do final do livro. Ao mesmo tempo fiquei um pouco confusa, mas isso pode ser essencialmente porque me falta informação de livros anteriores. Agora é esperar para ver. Em breve deverei colocar a opinião ao último livro.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Opinião - Thirteen Reasons Why

Ficha Técnica:
Autor: Jay Asher
Páginas: 288
Editor: Razorbill
ASIN: B0054R6BFM

Sinopse:
The only way to learn the secret . . . is to press play.

Clay Jensen returns home from school to find a strange package with his name on it lying on his porch. Inside he discovers several cassette tapes recorded by Hannah Baker—his classmate and crush—who committed suicide two weeks earlier. Hannah's voice tells him that there are thirteen reasons why she decided to end her life. Clay is one of them. If he listens, he'll find out why.

Clay spends the night crisscrossing his town with Hannah as his guide. He becomes a firsthand witness to Hannah's pain, and as he follows Hannah’s recorded words throughout his town, what he discovers changes his life forever.

Opinião:
Já que houve um hype tão grande acerca da série, decidi que se calhar era uma boa altura para ler o livro. E não, ainda não vi a série.

Basicamente vamos seguindo Clay enquanto este ouve as cassetes que Hannah gravou antes do seu suicídio. Existem 7 cassetes, cada uma gravada de um lado e de outro excepto a última que só tem um lado. Cada lado da cassete conta uma história sobre alguém da vida de Hannah, alguém que de algum modo contribuiu para o que acabou por acontecer.

Poderia dizer que este é um livro forte porque aborda temas complicados, situações que podem trazer consequências profundas para a maneira de estar da pessoa que as vive. Os acontecimentos contados decorrem ao longo de um período de tempo alargado, mas mesmo assim não deixam de estar interligados e não deixam de ir lançando Hannah num buraco cada vez mais profundo. Contudo durante todo o livro senti um grande distanciamento da personagem de Hannah. Enquanto consegui perceber perfeitamente a maneira de estar de Clay, os seus sentimentos, a sua realização de que as coisas nem sempre são o que parecem, ao mesmo tempo que aprende a aceitar a sua culpa e a viver com ela, a verdade é que Hannah não me aqueceu nem arrefeceu.

Não sei em específico porquê, mas enquanto lia as suas descrições sentia apenas distanciamento em vez de sentir a dor e a revolta que cada uma daquelas situações deve ter causado. Situações como violação, o corpo como um objecto, e afins são abordados no livro e são dados exemplos e explicações até bastante eficazes, mas durante toda a narrativa a sensação com que fiquei é que estava a ler algo a quem tiraram as emoções. Talvez um dos factores que não me levou a apreciar o livro é o facto de de certo modo ser tão diferente da Hannah. Eu não me fecho no meu canto e deixo que as coisas corram o seu caminho, e para mim é esse essencialmente o problema da Hannah. Se temos que ser todos iguais? Não não temos. Diferentes pessoas lidam melhor com diferentes tipo de situações. Mas a realidade é que cheguei ao fim da narrativa e não consegui perceber porque é que ela fez o que fez.

Fiquei um bocado desiludida com o livro. De uma forma geral gostei, mas não me tocou como estava à espera. Talvez um dia veja a série para perceber o que acho melhor.

domingo, 17 de setembro de 2017

Opinião - Imperador dos Espinhos

Ficha Técnica:
Autor: Mark Lawrence
Título Original: Emperor of Thorns
Série: Trilogia dos Espinhos, #3
Páginas: 416
Editor: Topseller
ISBN: 9789898855046
Tradutor: Renato Carreira

Sinopse:
Um rei em busca da vingança 
Com apenas vinte anos de idade, o príncipe tornou-se o Rei Jorg Ancrath, rei de sete nações, conhecido em todo o Império. Mas os planos de vingança que tem para o seu pai ainda não estão completos. Jorg tem de conseguir o impossível: tornar-se imperador. 

Um império sem imperador há cem anos 
Esta é uma batalha desconhecida para o jovem rei, habituado a conquistar tudo pela espada. De quatro em quatro anos, os governantes dos cem reinos fragmentados do Império Arruinado reúnem-se na capital, Vyene, para o Congresso, um período de tréguas durante o qual elegem um novo imperador. Mas há cem anos, desde a morte do último regente, que nenhum candidato consegue assegurar a maioria necessária. 

Um adversário temível e desconhecido 
Pelo caminho, o Rei Jorg vai enfrentar um adversário diferente de todos os outros, um necromante como o Império nunca viu, uma figura ainda mais odiada e temida do que ele: o Rei dos Mortos.

Opinião:
À semelhança do livro anterior, em Imperador dos Espinhos, mantemos um registo narrativo em que oscilamos entre dois períodos temporais distintos: Jorg com 20 anos, no presente, a caminho do Congresso, com intenções de ser eleito Imperador; e Jorg, há 5 anos atrás, em deambulações pelo Império Arruinado. Para além dos referidos capítulos, que oscilam entre passado e presente, e em vez de passagens do diário de Katherine, temos interessantes capítulos que narram o decorrer dos acontecimentos pelos olhos da necromante Chella.

Com muita pena minha, achei este último volume da trilogia dos espinhos o mais fraco de todos. Gostei do livro, não me interpretem mal, mas foi mais parado e não me convenceu como os anteriores. Dei por mim à espera de uma ligação explosiva entre os dois tempos narrados que pouco estardalhaço fez, e tive de me contentar com um final apressado e algo insípido. Convenhamos, estamos a falar do grande sacana Jorg de Ancrath... Concordo com o autor quando diz preferir que os leitores se despeçam de Jorg enquanto está num ponto alto em vez de andar a esticar a história por não sei quantos livros, mas preferia ter lido mais uns capítulos e ter um final bombástico e melhor delineado do que um a correr.

Um dos grandes mistérios da obra, que reside na identidade do temido Rei Morto, que persegue Jorg há tempos infindos, foi fácil de descortinar devido a uma pista fulcral dada demasiado cedo. Uma grande pena quando se trata de uma matéria que podia ter tido tanto impacto.
No entanto, foi interessante acompanhar as viagens de Jorg às terras prometidas dos Ibéricos, onde se cruzou com os cruéis Perros Viciosos e fez grande estrago; ao norte de África onde se viu obrigado a andar de camelo e não só reencontrou o matemago Qalasadi como se viu na  presença de Ibn Fayed; bem como todo o seu percurso sinuoso até ao Congresso em Vyene.

Algo que também gostei de ver, neste caso ao longo da trilogia, foi o amadurecimento de Jorg, que apesar de nunca deixar de ser o canalha que é, foi ao menos tomando consciência dos seus maus actos, foi ganhando afeição por este e aquele personagem, revelando-se capaz de actos de alguma nobreza. Mas melhor ainda, e lá mais para o final, a constatação do grande amor que sente pelo seu filho. Um amor que o deixou estupefacto conseguir sentir, e o alívio ao perceber que não foi totalmente maculado pelo seu pai.

No fim, ficou bem explicito que a morte de William, o espinho cravado bem fundo em Jorg, que o atormentou toda a vida, é a verdadeira força motriz de toda a história. É devido a ela que tudo começa, que o nosso protagonista é moldado, e é devido a ela que tudo termina.

Apesar de um final pouco trabalhado que carece de alguma credibilidade e pedaços de informação, Mark Lawrence construiu uma boa trilogia e um protagonista difícil de esquecer. No geral, gostei muito do que li e espero vir a mergulhar novamente neste negro Império.


sábado, 16 de setembro de 2017

Opinião - Memnoch, o Demónio

Ficha Técnica:
Autor: Anne Rice
Título Original: Memnoch the Devil
Série: Vampire Chronicles, #5
Páginas: 424
Editor: Europa-América
ISBN: 9721044342
Tradutor: Rosário Durão e Carmo Romão

Sinopse:
Estamos em Nova Iorque.
A cidade está coberta por um manto de neve.
No meio dessa brancura, Lestat procura Dora, a bela e carismática filha de um barão da droga, a mulher que desperta nele sentimentos de ternura como nunca outra mortal o fizera antes. Dividido entre as suas paixões de vampiro e o amor avassalador que sente por Dora, é a seguir confrontado com o misterioso e demoníaco Memnoch. Arrancado ao mundo por este adversário temível, Lestat é levado até ao reino dos Céus e depois até ao Purgatório. Aí terá de decidir se acredita em Deus ou no Demónio e, por fim, qual dos dois escolherá servir.
Nas primeiras quatro Crónicas do Vampiro, Anne Rice convocou mundos fantásticos e distantes e tornou-os tão ressonantes, reais e imediatos como o nosso. Neste romance, o mais negro e ousado de todos os que escreveu, ela transporta-nos, na companhia de Lestat, para o universo mítico que nos é mais precioso — o reino da teologia de cada indivíduo.

Opinião:
Não há muito a dizer acerca do quinto livro de uma série a não ser falar do que acontece durante o próprio livro. A escrita da autora é essencialmente a mesma, mas confesso que não achei este livro tão massudo como os anteriores. Achei-o mais leve e de fácil leitura, o que será uma diferença relativamente aos livros anteriores.

Eventualmente esta situação está relacionada com o facto de que este livro não é acerca de Lestat e dos seus dilemas semi-humanos. Aqui basicamente ficamos a conhecer a história da criação, da nossa evolução e qual o jogo que existe entre o demónio e Deus. Basicamente Lestat é levado por Memnoch aka Lúcifer a dar uma voltinha pela história da criação, o céu e o inferno. Ao mesmo tempo que o tenta convencer a ceder a sua alma de modo a ajudá-lo na sua batalha contra Deus. Segundo li algures este é um livro mais teológico do que outra coisa, e por isso mesmo receio que tenham existido ali algumas nuances e ideias que me tenham escapado. Ao mesmo tempo não consegui concordar propriamente com a teoria de Deux, bem como a do demónio também me pareceu fraca. Só mesmo Lestat para se deixar embrenhar numa coisa destas.

Claro que teria que existir um pouco de livro acerca de Lestat e esse pouco é essencialmente o início e o fim. Em que Lestat conhece Dora que no final acaba por o abandonar. Pergunto-me se ainda a vamos ver algures num livro futuro. Ao mesmo tempo sei que pelo menos um vampiro conhecido, supostamente, morre neste livro, pelo que estou curiosa para saber se ele morreu mesmo ou não. É esperar para ver.


sábado, 9 de setembro de 2017

Opinião - Golden, Moonglass e In Honor

Ficha Técnica:
Autor: Jessi Kirby
Páginas: 256, 242 e 288
Editor: Simon & Schuster Books for Young Readers
ASIN: B008J4TDMA, B003V1WXAU e B005C7772K

Sinopse:
Golden:
Seventeen-year-old Parker Frost has never taken the road less traveled. Valedictorian and quintessential good girl, she’s about to graduate high school without ever having kissed her crush or broken the rules. So when fate drops a clue in her lap—one that might be the key to unraveling a town mystery—she decides to take a chance.

Julianna Farnetti and Shane Cruz are remembered as the golden couple of Summit Lakes High—perfect in every way, meant to be together forever. But Julianna’s journal tells a different story—one of doubts about Shane and a forbidden romance with an older, artistic guy. These are the secrets that were swept away with her the night that Shane’s jeep plunged into an icy river, leaving behind a grieving town and no bodies to bury.

Reading Julianna’s journal gives Parker the courage to start to really live—and it also gives her reasons to question what really happened the night of the accident. Armed with clues from the past, Parker enlists the help of her best friend, Kat, and Trevor, her longtime crush, to track down some leads. The mystery ends up taking Parker places that she never could have imagined. And she soon finds that taking the road less traveled makes all the difference.



Moonglass:
I read once that water is a symbol for emotions. And for a while now, I've thought maybe my mother drowned in both.

Anna's life is upended when her father accepts a job transfer the summer before her junior year. It's bad enough that she has to leave her friends and her life behind, but her dad is moving them to the beach where her parents first met and fell in love--a place awash in memories that Anna would just as soon leave under the surface.

While life on the beach is pretty great, with ocean views and one adorable lifeguard in particular, there are also family secrets that were buried along the shore years ago. And the ebb and flow of the ocean's tide means that nothing--not the sea glass that she collects on the sand and not the truths behind Anna's mother's death--stays buried forever.


In Honor:
Three days after learning of her brother Finn’s death, Honor receives his last letter from Iraq. Devastated, she interprets his note as a final request and spontaneously sets off to California to fulfill it. At the last minute, she’s joined by Rusty, Finn’s former best friend.

Rusty is the last person Honor wants to be with—he’s cocky and obnoxious, just like Honor remembers, and she hasn’t forgiven him for turning his back on Finn when he enlisted. But as they cover the dusty miles together in Finn’s beloved 1967 Chevy Impala, long-held resentments begin to fade, and Honor and Rusty struggle to come to terms with the loss they share.

As their memories of Finn merge to create a new portrait, Honor’s eyes are opened to a side of her brother she never knew—a side that shows her the true meaning of love and sacrifice.

Opinião:
Dos três aquele que mais gostei foi sem dúvida o primeiro. No geral o que gosto nesta autora é o facto de em todos os livros que li existir um romance, mas este não ser o foco da história. Em todos eles o principal da história é o crescimento das personagens principais, o modo como vão lidando com o que lhes acontece e como vão aprendendo a aceitar e ultrapassar o que as tornou nas pessoas que são.

No primeiro livro deparamo-nos com uma pessoa que é extremamente focada em agradar aos outros, e que não faz nada fora do aceitável e isso acaba por ter um grande peso sobre a sua maneira de estar e a sua felicidade. Gostei bastante de acompanhar a Parker ao longo da sua viagem emocional e de como esta foi aprendendo o que significa realmente viver. O mistério do livro é também interessante e gostei principalmente do final, em que nos é dada esperança para um futuro melhor.

Em Moonglass acompanhamos Anna. Toda a sua revolta e maneira de estar revolve acerca da morte da sua mãe e do facto de até ao presente ter sempre guardado para si aquilo que realmente presenciou. Ao mesmo tempo Anna acredita que a mãe não a amava o suficiente para querer continuar a viver. Aos pouco esta vai descobrindo mais acerca da história da mãe e acerca do tipo de pessoa que ela realmente era. Houve também uma outra personagem neste livro que de que gostei bastante. Uma pessoa que carrega em si a culpa daquilo que não poderia ter evitado e que durante muito tempo faz penitência. Conhecer a história deste personagem trouxe-me bastante tristeza. Carregarmos a culpa de algo que não é realmente nossa culpa pode trazer-nos uma infelicidade imensa, mas por vezes é difícil evitarmos sentirmo-nos desse modo.

Em Hope temos uma protagonista cujo o irmão faleceu na guerra e em que esta decida que a maneira de honrar a sua memória é realizar o seu último pedido. Ao longo do percurso esta vai conhecendo uma outra faceta do irmão e vai aprendendo a lidar com novas verdades acerca do que significa realmente fazer-mos sacrifícios por aqueles que amamos.

Outro aspecto de que também gostei bastante é que existe uma personagem que aparece em Moonglass e em Hope. É alguém que apesar de parecer bastante petulante só quer é ajudar e fazer os outros feliz. É alguém também extremamente inocente, o que é um excelente contraponto às protagonistas que parecem carregar o mundo às costas.

A única coisa que me deixou algo insatisfeita é o facto de pelo menos em duas das histórias o interesse amoroso das protagonistas não ter ficado com as mesmas. Estas apercebem-se dos seus sentimentos, mas acabam por seguir caminhos diferentes. O que deixa uma sensação agridoce. Preferia que estas pudessem ter encontrado algum consolo depois de todas as complicações.

domingo, 3 de setembro de 2017

Opinião - Rei dos Espinhos

Ficha Técnica:
Autor: Mark Lawrence
Título Original: King of Thorns
Série: Trilogia dos Espinhos, #2
Páginas: 416
Editor: Topseller
ISBN: 9789898849502
Tradutor: Renato Carreira

Sinopse:
O Príncipe Jorg Ancrath jurou vingar a morte da mãe e do irmão, brutalmente assassinados quando ele tinha apenas 9 anos. Jorg cresce na ânsia de saciar o seu desejo de vingança e de poder, e, ao fim de quatro anos, cumpre a promessa que fez — mata o assassino, o Conde de Renar, e toma-lhe o trono. Aos 18 anos, Jorg luta agora por manter o seu reino, e prepara-se para enfrentar o inimigo poderoso que avança em direcção ao seu castelo.
Jorg sempre conquistou os seus objectivos matando, mutilando e destruindo sem hesitar, e agora não pretende vencer a batalha de forma justa, mas sim recorrendo aos mais terríveis segredos.

Será que o anti-herói mais maquiavélico de sempre vai conseguir reunir os recursos e as forças necessárias para enfrentar uma batalha que parece invencível?

Opinião:
Neste segundo volume da trilogia dos espinhos, continuamos a acompanhar o percurso sinuoso de Jorg, que nos é narrado em dois tempos distintos. Com um salto temporal de alguns anos, temos o tempo presente, com um Jorg de 18 anos a casar-se com a sua prometida princesa Miana e à beira de uma grande batalha com o príncipe da Flecha, o candidato favorito a Imperador. Por outro lado, temos um retrocesso no tempo de 4 anos. De início, esta oscilação temporal é um pouco confusa e só a pouco e pouco é que estes recuos vão fazendo sentido. Apesar disso, devo dizer que era um pouco irritante, de tempos a tempos, estes avanços e recuos pois teimavam em acontecer no decorrer de situações interessantes, forçando-nos a quebrar o momento.
Contudo, esta opção do autor acabou por resultar bem e assim que as peças começam a encaixar todas, vemos quão extraordinariamente metódico e bem delineado é o plano de Jorg, mesmo quando algumas partes são definidas sob a pressão do momento.

Gostei da introdução da personagem de Miana, uma miúda inteligente, sagaz, temerária, perfeita para lidar com alguém como o nosso protagonista. Diria até mesmo que se completam! Mas desenganem-se aqueles que esperam encontrar romance neste livro, pois estamos bem longe disso. Por outro lado, também sofremos uma dura perda, que tal como o Núbio era um personagem interessante e fácil de se gostar.
Quanto ao odioso jovem Ancrath, não cessa de me espantar com a sua capacidade para tecer esquemas e delinear estratégias, que mesmo que pareçam mirabolantes, no final acabam por resultar e fazer sentido.
Já no que respeita a Sageous, ficou claro que se trata de um grande manipulador, qual mestre marionetista. Via-o como um personagem de principal interesse, a orquestrar os seus planos através das sombras, e no final acabei por ficar um pouco decepcionada com o rumo que tomou.

A introdução de algumas passagens do diário de Katherine conferiu à obra outra visão de acontecimentos passados e permite-nos antever uma nova e totalmente diferente faceta desta personagem, que penso, será de grande importância no futuro.

Achei, mais uma vez, muito interessante toda a informação referente aos Construtores e o "fantasma" de Fexler Brews foi uma boa adição à história, que nos permite imaginar quão avançada se encontrava a espécie humana antes do seu declínio. Cada novo artefacto descoberto é um regalo para os olhos desta leitora e uma rica adição à narrativa.

Resta-me esperar que no próximo e derradeiro volume da trilogia, se veja mais do fugido matemago Qalasadi, pois ficaram muitas questões no ar a envolver este personagem, bem como Ibn Fayed, califa da Liba. Para além destes, creio que será desta que iremos assistir ao real poderio do Rei Morto, que tanto interesse parece ter em Jorg.

Rei dos Espinhos foi uma leitura rica em acção, viagens e batalhas elaboradas, que se traduziu numa belíssima leitura, sem momentos aborrecidos. E no final, apenas ficamos a querer mais.