quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Opinião - Os Leões de Al-Rassan

Ficha Técnica:
Autor: Guy Gavriel Kay
Título Original: The Lions of Al-Rassan
Páginas: 548
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789896370510
Tradutor: João Henrique Pinto

Sinopse:
Imagine uma Península Ibérica de fantasia, durante o período sangrento e apaixonante da Reconquista, onde realidade e fantasia se entrelaçam numa história poderosa e comovente.

Inspirado na História da Península Ibérica, Os Leões de Al-Rassan é uma épica e comovente história sobre amor, lealdades divididas e aquilo que acontece aos homens e mulheres quando crenças apaixonadas conspiram para refazer – ou destruir – o mundo. Lar de três culturas muito diferentes, Al-Rassan é uma terra de beleza sedutora e história violenta. A paz entre Jaddites, Asharites e Kindath é precária e frágil, mas é precisamente a sombra que separa os povos que acaba por unir três personagens extraordinárias: o orgulhoso Ammar ibn Khairan – poeta, diplomata e soldado, o corajoso Rodrigo Belmonte – famoso líder militar, e a bela e sensual Jehane bet Ishak – física brilhante. Três figuras cuja vida se irá cruzar devido a uma série de eventos marcantes que levam Al-Rassan ao limiar da guerra.

Opinião:
Os Leões de Al-Rassan foi um daqueles livros que esteve encostado durante imenso tempo e que se não fosse uma certa pessoa quase me ter "espancado" iria continuar encostado durante não sei bem quanto mais tempo. E uma vez mais o facto de andar a procrastinar determinada leitura foi um dos maiores erros que cometi.

Os Leões de Al-Rassan são baseados na história da Península Ibérica e por isso para quem conhecer esta parte da história o "entrar" na narrativa é capaz de ter sido bem mais pacífico que o meu. História não é de todo o meu forte e a verdade é que o autor também não faz grande introdução ou contextualiza com pormenor a história que nos vai contar. Assim sendo ao início senti-me um bocado à deriva sem saber quem era quem e a que religião correspondiam. Finalmente lá consegui ler algures que os Jaddites correspondem aos Cristãos, os Asharites aos Muçulmanos e os Kindath aos Judeus. Depois deste esclarecimento tudo se tornou muito mais fácil para mim.

A história é-nos contada de vários pontos de vista, todos eles bastante interessantes. Tanto tendo em conta as personagens que no-los contam como os próprios acontecimentos em si. Se a verdade é que os personagens principais são Rodrigo Belmonte, Ammar ibn Khairan e Jehana bet Ishak, também é verdade que todos os outros personagens que vamos conhecendo e que são considerados como secundários foram bastante bem trabalhados pelo autor. Todos eles sendo principais ou não são personagens bastante interessantes, carismáticas, pessoas que tentam fazer o melhor que podem com aquilo que a vida lhes apresenta naquele momento.

Sem dúvidas que a mais valia do autor são as personagens que cria e o ambiente que as rodeia. As descrições feitas pelo autor levam a que tudo pareça tão real e as próprias personagens têm dúvidas e medos tão semelhantes aos nossos que é impossível não nos relacionar-mos com elas. Poderia descrever os pontos fortes de cada uma das personagens, mas seria uma perda de tempo tendo em conta todas as suas nuances e genialidade.

Outro aspecto que adorei na maneira do autor contar a história, e ao mesmo tempo me deu vontade de o esganar, é o facto de o autor estar constantemente a tentar conduzir os nossos pensamentos por determinado caminho, e conseguir, para depois nos tirar o tapete de debaixo dos pés quando nos apercebemos que determinados acontecimentos que atribuíamos a determinada personagem afinal não lhe pertencem de todo. Só não chorei baba e ranho muitas das vezes porque me encontrava nos transportes públicos e não dava muito jeito. Até ao final do livro o autor mantém esta maneira de contar acontecimentos. E quanto digo até ao final é mesmo até ao prólogo onde mais uma vez ele nos conta determinados acontecimentos fazendo-nos pensar que já percebemos tudo para depois nos apercebermos que afinal fomos tomados por parvos...

A única coisa de que senti falta foi de Ammar. Gostava de ter visto mais dele, da sua maneira de estar. Quanto ao Rodrigo e à Jehane sinto que fiquei a saber o que devia, a compreendê-los. Que vi praticamente todas as nuances das suas personalidades. O mesmo não aconteceu com o Ammar. Achei que ainda haveria ali muito para descobrir para perceber. De certo modo ele pareceu-me um personagem um pouco mais complexo, possivelmente por causa do seu passado e gostava de ter visto mais de perto o que esse passado fez com ele.

Aguardo agora ansiosamente para ler o que ainda tenho cá por causa deste autor, porque ele conquistou-me de forma definitiva.

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